A unidade de saúde teve suas atividades suspensas pela 12ª DIRES por apresentar diversas irregularidades.

Ausência  de programa de higienização do reservatório de água potável,  equipamentos sem funcionar por falta de manutenção, não conformidades  relativas á estrutura física, mobiliários hospitalar com desgaste, foram  alguns problemas apontados no Hospital Almir Passos pela auditoria  realizada pela Secretaria de Estado da Saúde que resultou no fechamento  da unidade na sexta-feira (03).
O Hospital Almir Passos é uma  entidade privada de natureza beneficente sem fins lucrativos, mantida  pela Santa Casa de Misericórdia de Conceição do Coité e está cadastrado  no SCNES como hospital geral e prestava serviço ao SUS, sob gestão  estadual, em regime ambulatorial e internação em caráter de urgência e  eletivo, nas especialidades de clínica médica, cirurgia e obstetrícia.

Fundado no final da década de 70 foi por muitos anos referência na região sisaleira
Segundo  o relatório apresentado pelo sistema nacional de auditoria do SUS, em  2010, foram informados ao sistema que 36,5%, ou seja, 819 pessoas foram  atendidas em clinica médica, 84 %, cerca de 465 pessoas foram submetidos  a um tipo de cirurgia e 71,32 %%, 455 pessoas, atendidos em  obstetrícia. O relatório mostrou que os tempos médios de permanência nas  internações de clínica médica foram de 2,5 dias e os auditores  entenderam que as internações foram desnecessárias. No dia da visita da  equipe de auditoria, a taxa de ocupação era de 27,3%.
Ficou também  constatado que a unidade não dispõe das condições básicas para prestar  atendimento de urgência e internação hospitalar, com qualidade,  considerando que o quadro de pessoal de enfermagem é insuficiente para o  funcionamento da unidade nas e também não havia laboratório de  patologia clínica e radiologia funcionando 24 horas, durante os sete  dias da semana.Problema se arrasta há sete anos – Anualmente é necessário que seja revalidado o alvará de funcionamento do Hospital, documento autorizado pela vigilância sanitária da 12ª DIRES. Nos últimos sete anos, os alvarás foram liberados, porém com ressalvas e eram notificados os problemas encontrados pelos técnicos da diretoria de saúde.
No ano seguinte, os técnicos voltavam ao  hospital, encontram os problemas noticiados no ano interior e outros,  que surgiram com o passar do tempo. Com os problemas acumulados, o  diretor de Auditoria Especiais da Secretaria de Saúde, Antônio Querino  da Cruz, solicitou em 23 de março deste ano, a coordenadora do  departamento, Ana Hilda da Silva Santos, que abrisse uma auditoria  operativa e no mês de abril aconteceu à primeira visita de inspeção. .
No  dia 12 de maio, os técnicos voltaram à cidade de Conceição do Coité,  verificaram que todos os problemas relacionados pela 12ª DIRES eram  verdades e notificaram a diretoria do HAP para num prazo de dez dias  resolverem a situação.
Na sexta-feira (03), pela manhã, veio à  determinação para fechamento do centro cirúrgico e do atendimento  emergencial e consequentemente os repasses do SUS foram suspensos.  Diante da situação, a decisão foi pelo fechamento da unidade, segundo  informou ao CN, Abenilson Lopes de Oliveira, provedor da Santa Casa.

Providências – Abenilson, que assumiu a função de provedor em 15 de maio, disse que as primeiras providências já foram tomadas e um engenheiro esteve no Hospital e fez um levantamento do que há realmente de fazer e constatou o investimento é equivalente a R$ 300 mil e o prefeito Renato Souza (PP), manteve contato com a Secretaria de Saúde, conseguindo ampliar para 120 dias o prazo para adequação de tudo que foi exposto no relatório.
O  prefeito Renato Souza não foi encontrado pelo CN, porém, fontes ligadas  a ele, disseram que todo esforço esta sendo feito para que o Hospital  volte a funcionar, mas que há um grande entrave,  o fato de, apesar de  ser construído com recursos do município, pertencer a uma entidade  privada.
A grande preocupação do gestor municipal é acelerar o que  está sendo exigido e encontrar a solução dentro do prazo máximo de 30  dias, para não perderam o credenciamento do SUS, que por enquanto, está  apenas suspenso. O informante relatou que o problema está na forma da  Prefeitura ajudar a unidade hospitalar, pois se trata de colocar  dinheiro público na entidade privada e apostou na municipalização do HAP  como solução.
Hospital Almir Passos ja teve status de Regional pela grande quantidade de pacientes de Coité e Região.
O  Hospital tem em seu quadro funcional 18 pessoas e mais seis médicos  trabalham em regime de plantão 24h. Atualmente recebe do SUS R$ 54 mil.  R$ 24 mil são gastos com os plantonistas, restando R$ 30 mil para as  demais despesas. “O problema do HAP é de gestão”, revelou a pessoa que  pediu para não ser identificada.
Na visita que os técnicos fizeram  a unidade, eles avaliaram a estrutura física, constatando que as louças  sanitárias estavam estragadas, o extintor de incêndio estava com a  validade vencida desde 2009, os estofados estragados, infiltração das  paredes da cozinha, das salas de esterilização e parto.
Eles  perceberam que não havia leito de pré-parto. O espaço para espera  cirúrgica era pequeno e um sanitário estava sendo usado para o armário  de guardar pertences dos funcionários e material de limpeza, a exemplo  de baldes e vassoura piaçaba.
As enfermarias sem ventilação e não  havia meses de cabeceira, biombos, cadeiras para acompanhantes, leitos  em excesso para o espaço e distribuídos inadequadamente.  Um dos fatos  que chamou atenção dos auditores foi a cesso das enfermarias masculinas  que era necessário passarem pela feminina.
Também foi constata que  o hospital tem apenas uma enfermeira contratada e durante os plantões,  os técnicos e auxiliares de enfermagem ficavam sem a orientação e  direção do profissional, conforme determina a lei.
Não foi  encontrado farmacêutico na unidade e os armários onde são guardados os  medicamentos estavam com as fechaduras quebradas. Também não foi  encontrado na relação dos funcionários assistente social e não existe  este setor no HAP.
Verificou-se o grande índice de transferência  de pacientes para outras cidades e na maioria, sem regulação, ou seja,  sem a anuência da Central de regulação do Estado. Entre os meses de  novembro/2010 e janeiro/2011, foram transferidos 63 pacientes, na  maioria gestante e nenhum regulado.
A laqueadura concomitante ao  parto estava sendo realizadas em desacordo com a legislatura e não havia  serviços de radiografia, laboratório e ECG na unidade em plantão de  24h.  No setor de radiologia não havia identificação luminoso, conforme  determina a legislação especifica.
Com referencia ao atendimento  hospital, foi constatada que o HAP estava efetuando cobrança no valor de  R$ 50 para acompanhante das parturientes e usuários do SUS eram  obrigados a comparem medicação para tratamento e pagarem exames durante  internação hospitalar.
Por fim, a auditoria constatou que médicos  estrangeiros, sem regulação do diploma no CREMEB, o que configura  exercício ilegal da profissão, também atendiam na unidade.
O relatório foi assinado pelo auditor Cristiano da Silva Lobo, que se identificou com coordenador.
Referencial do Hospital Amir Passos  – São 10 leitos para clínica cirúrgica, 10 para clínica médica, 15 para  obstétrica e 15 pediatria. Comparando ao Hospital Regional, em 2010, o  HAP realizou 465 cirurgias, 455 obstétrica, 819 em clinica médica,  totalizando em 1.739 atendimentos, contra 1.532 do Hospital Regional, no  mesmo período.
O HAP possui 50 leitos do SUS, realizando  internamento em cirurgia, obstetrícia e clínica médica. O total de  internação em 2010 corresponde a 36,8% do total de internações no  município, sendo 87,18% dos pacientes procedentes do município de  Conceição do Coité e 5% de Serrinha. A dengue foi à quarta causa de  internações em 2010, com 142 casos.
Com 62.042 habitantes,  conforme o IBGE, Conceição do Coité tem atualmente 04 hospitais que  prestam serviços ao SUS com 140 leitos cadastrados. A micro região de  Serrinha, sede da 12ª DIRES, é composta por 20 municípios, cuja  população está estimada, conforme o IBGE, de 619.862 habitantes, existe  29 hospitais com total de 955 leitos. Tomando como base o parâmetro que  para 1.000 habitantes, seriam necessários três leitos, verifica-se que  são necessários entre 825 e 990 leitos.  
 Fonte:Calila Notícias
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