segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Brasil avança nas ações que beneficiam os jovens negros

Atualmente, a juventude brasileira representa um universo de 34 milhões. Destes, 18,5 milhões se declararam negros.

 A adoção de políticas de ações afirmativas em diversos âmbitos de desenvolvimento é o diagnóstico que coloca o Brasil, dentre nove países da América Latina, como o País que mais avançou e obteve resultados sistemáticos para a diminuição das desigualdades entre jovens negros e brancos.

A
avaliação é fruto do relatório “Juventude Afrodescendente na América Latina: realidades diversas e direitos (des)cumpridos”, lançado na última sexta-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em Salvador. O panorama traçado pela agência da ONU foi possível graças à inclusão das perguntas de autoidentificação étnica nos censos demográficos do Panamá, Colômbia, Costa Rica, Equador, Nicarágua, Guatemala, Honduras, El Salvador e Brasil.

Dados
do Censo 2010 divulgados na última quarta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram que os jovens entre 15 e 24 anos se declaram pretos e pardos (negros) mais do que adultos. Atualmente, a juventude brasileira representa um universo de 34 milhões. Destes, 18,5 milhões se declararam negros.

“Este
dado é resultado  das políticas de ações afirmativas, que serviram para estimular a auto classificação dos jovens em  pretos e pardos”, concluiu o coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues.

Avanços
- Indicadores e pesquisas realizadas no País nos últimos anos comprovam, por exemplo, que a adoção das políticas de cotas raciais nas universidades públicas e a realização de programas como o Universidade Para Todos (Prouni) e o financiamento estudantil (Fies) possibilitaram o crescimento da presença de estudantes afrodescendentes nas instituições de ensino superior.

Entre
os anos de 1988 e 2008, houve um aumento do número de estudantes afrodescendentes de 18 a 24 anos nestas instituições, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Em 1988, a taxa bruta de inserção deste segmento era 3,6%; em 1998 este número era de 4% e em 2008 a taxa alcançou o número de  16,4%.

Para a
secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Anhamona Brito, apesar das conquistas e avanços, ainda faz-se necessário reconhecer a pluralidade de fatores que diferenciam os jovens entre si.

“As
questões sociais gerais ganham contorno diferenciado, nem sempre positivos, em face das dimensões ‘ser negro’ e ‘ser jovem’, a exemplo dos altos índices de homicídios. Urge-se a incorporação da dimensão racial na elaboração de políticas e ações, nas mais variadas áreas, a atender às especificidades dos jovens, num cenário de desigualdades”, ressaltou.

Desafios
- Apesar dos importantes progressos da juventude afrodescendente, as desigualdades em setores da saúde, educação e acesso ao mercado de trabalho ainda persistem, expressas por índices alarmantes.

Segundo
dados do Relatório anual das desigualdades raciais no Brasil 2009-2010, em todo o País, entre 2001 e 2007, foram cometidos aproximadamente 84 mil homicídios contra jovens negros de até 24 anos de idade, correspondendo a 62% do total dos casos de assassinatos contra pessoas desta faixa de idade (135.226). No ano de 2007, entre as jovens negras na faixa etária de 15 a 19 anos, houve 30,6 mortes maternas por 100 mil nascimentos, enquanto entre as jovens brancas esse número é de 37,1 por 100 mil.

“Os
jovens são as vítimas preferenciais de toda a sorte de exclusão por critério racial. Somos nós, jovens negros e negras, que somos recebidos com pouca hospitalidade nas escolas, no mercado de trabalho, na saúde. Somos nós o alvo preferencial das abordagens racistas da polícia”, denuncia a pesquisadora de violência letal contra adolescentes e jovens, racismo institucional e situação prisional feminina, Carla Akotirene

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