domingo, 20 de fevereiro de 2011

Manifestantes marcham na Paulista contra homofobia


Polícia estimou até mil participantes. Organizadores consideraram o dobro.
Movimento pede aprovação de projeto de lei que torna homofobia crime.

A Avenida Paulista foi, na tarde deste sábado (19), mais uma vez palco da luta contra a homofobia, que já costuma ser lembrada anualmente na Parada Gay. Desta vez, de 800 a mil manifestantes, de acordo com a Polícia Militar, ou 2 mil, segundo os organizadores, marcharam pelo endereço para protestar contra atos de violência a homossexuais. O protesto, iniciado no final da avenida, terminou em frente ao número 777, onde no dia 14 de novembro um rapaz foi agredido com lâmpadas fluorescentes.
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“Diariamente as pessoas sofrem violência física e verbal. A piada mata tanto quanto a bala”, disse Márcio Henrique, de 24 anos, que maquiou uma ferida no rosto para reivindicar as agressões.
Homofobia como um crime
O movimento, que ocupou duas faixas da Paulista durante toda a manifestação, também lutava a favor da aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 122 de 2006, que tramita no Senado e torna a homofobia um crime. “Hoje em dia não há uma lei específica para esses casos”, diz a advogada Ligia Conti, integrante do Grupo de Advogados pela Diversidade Social, criado há cerca de seis meses para tratar de casos como agressões e discriminações contra minorias.

De acordo com a advogada, atualmente nem mesmos os profissionais da área de direito sabem lidar exatamente com a questão, já que não há uma lei específica. O advogado Leonardo Berthi, também integrante do grupo, diz que foi ao protesto lutar pelo o que está previsto na própria Constituição, ou seja, princípios como o da igualdade e dignidade humana.
Preconceito desde criança
O designer Gabriel Valdivieso, de 29 anos, diz sentir na pele o preconceito desde criança. "Sou uma pessoa igual a todas as outras", afirma. Ele lembra que, apesar de nunca ter sido agredido fisicamente, já foi vítima de agressões verbais, como chamamentos de "veado" ou "bicha".

"Eu acho importante lutar por qualquer tipo de igualdade. Mesmo não sentido isso na pele", afirma a artista plástica Carolina Gudin, de 31 anos, que foi à passeata acompanhada de seu marido, o cineasta Jader Gudin, também com 31 anos.

Um dos organizadores do evento, Luís Arruda, diz que, além das agressões contra homossexuais que causam mortes, a passeata buscou lutar também contra as pequenas sutilezas do dia a dia, como não ter liberdade para beijar na rua ou ir à escola sem ser vítima de preconceitos. "É violência toda vez que um transexual tem que se explicar na hora de mostrar o RG", afirma.

Internet
De acordo com Arruda, a manifestação começou a ser organizada pela internet, no Facebook, onde há mais de 1,6 mil pessoas cadastradas na comunidade Ato Contra a Homofobia. Segundo ele, pessoas de outras cidade e estados, como o Pará e Rio Grande do Norte, estiveram no ato, iniciado por volta das 15h e que chegou ao destino final, o número 777, perto das 18h. Políticos como a senadora Marta Suplicy (PT-SP) e o ex-BBB e deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), compareceram.

De acordo com a PM, a manifestação teve início com aproximadamente 500 pessoas, mas foi ganhando integrantes no decorrer da passeata, e chegou ao seu final somando, no total, de 800 a mil participantes, disse o capitão Amarildo Garcia.

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